PAPILLON
Poucas vezes eu senti a falta de fôlego durante a leitura de um livro e isso me aconteceu no mês passado quando concluí a leitura de Papillon, de Henri Charrièrre. A história é conhecida. o livro teve muitas edições e, recentemente, vi uma nova na Saraiva.
Trata-se de um condenado à prisão perpétua que decide fugir e viver. Esses dois verbos são as duas forças de Papi, como é chamado pelos amigos. Papillon, borboleta em francês, não aceita a prisão e é alimentado pelo sonho da fuga para se vingar daqueles que o puseram na situação extrema que o colocam.
As tentativas de fuga de Papi são muitas e sempre pego. O desespero dele na solitária, imerso no silêncio, a dor da prisão, a violência da convivência, as dificuldades na alimentação e nas relações com soldados e presos... aos poucos o climas vai se tornando o clima do próprio leitor. A descrição é tão próxima que nos sentimos dentro do livro e, de repente o silêncio da prisão é penetrante quando lemos, ou sentimos os raios de sol quando ele pesca ou trabalha, sentimos o sal da água do mar quando ele tenta fugir e até torcemos em cada pequeno passo dado em direção à liberdade.
A fuga de Papillon também é a fuga de si. A viagem e as dificuldades que ele passa concretamente são sentidas em sua personalidade. Ao fim, próximo de sair da última prisão na Venezuela e viver livre ele, que nunca foi religioso mas agradecia muito a Deus, tem um sonho pedindo pela não vingança. Mais uma vez ele sofre, luta com isso, mas aceita não se vingar e daí, a libertação tornou-se completa. Livre das correntes externas e internas ele escolhe viver.
Última palavra: fiquei impressionado quando ele escreveu mais de uma vez, se não me engano, que sua religião era viver.
Na imagem a edição que li. Editora Círculo do Livro, 494p.
Daniel Lins
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